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Nada Valeu a Pena? (Parte 8)

Mas afinal de contas, o que eu podia ter? 

 Essa era a pergunta que não queria calar naquela hora em que o medico chegou com o RaioX. Porque de tanto espanto no olhar, se nenhuma dor sequer eu sentia em meu corpo, a não ser aquele pequeno incomodo que sentia toda vez que me levantava pela manha.

 Mas nenhuma verdade é absoluta sem que haja uma prescrição medica. A maquinas de RaioX eram tão grandes que davam ate medo, minha impressão ao olhar pra elas, era de um enorme Robô.

 Aquilo que parecia ser apenas um resfriado era muito pior. Naquela enorme pancada, eu acabei fraturando o crânio, o motivo daquele liquido que estava escorrendo e as dores de cabeça forte que sentia, se tratava do líquor ou líquido cefalorraquidiano ("líquido da espinha") é produzido em estruturas que se encontram dentro do cérebro.
 Este líquido, portanto, circula ao redor da medula espinhal ("espinha") e do cérebro.

 Tudo que eu jamais poia pensar estava acontecendo, eu estava morrendo. Mas antes disso teríamos que tentar ao máximo evitar que aquilo acontecesse. Foi então que o medico, sugeriu que ficasse por 28 dias com os pés para cima e sem travesseiro, com a esperança de recuperar a lesão e quem sabe eu conseguir sair dessa com vida.

Eu Sabia que tudo o que estava acontecendo era muito grave, mas confesso que não era isso que eu sentia. Apesar da gravidade do assunto e de tantas coisas ruins falarem a meu respeito, o que eu não esperava que iria encontrar tanto Amor dentro daquele UTI. Eu nunca havia passado tantos dias com minha mãe. Mesmo ela me amando e me tratando tão bem sempre, eu não a conhecia de perto.
 Ela ficou comigo todos os momentos possíveis comigo naquele hospital. Eu podia sentir nos olhos dela o quanto ela me amava. Meus tios, primos fizeram o mesmo comigo.

Pessoas que nem conhecia de repente chegaram a meu quarto oferecendo orações. Não sei se conseguiria ser claro nessa impressão que tinha. Mas é incrível que posso afirmar que eu estava vivendo os melhores dias da minha vida. Claro, tirando fora, as terríveis horas que tinha que tomar injeções, isso era 2 por dia.

Conheci uma enfermeira que facilitava bem minha vida, me apresentando quem eram as pessoas no hospital e principalmente as nutricionistas, pois eram as amigas do meu cardápio. Geralmente eu era atendido em quase tudo que pedia para comer. Foi tb no hospital que tive os primeiros contatos com a musica.

 Eu passava horas ouvindo e cantando Opera! Isso mesmo, eu amava musica lírica, e Cantava como um tenor adulto. Mas nem queria ser cantor, apenas achava legal.

No hospital minhas atormentações, e ruídos em meu ouvido, não parou, aquilo estava me deixando louco. Foi quando me trouxeram algumas musicas que falavam de Deus. Eu me lembro de ouvir e decorar rápido como sempre, porem a medida que eu as cantava minha dor e atormentação sumia e eu conseguia dormir em paz.

 Conheci muitas pessoas doentes, Senhores, Senhoras, jovens e inclusive uma menina da minha idade, que estava muito doente, mas quando eu a olhei eu fiquei tão movido de compaixão, eu queria ficar perto dela, ouvi-la. Ela era simples e muito educada e me ensinou a conviver com as rotinas como Banho de leito, necessidades fisiológicas e tantas coisas, que morria de vergonha de fazer perto dela.

 Quando passaram os 28 dias eu já não aguentava mais aquele lugar, o desespero tomou conta da minha alma, pois eu era criança e não queria ficar ali, sobre tudo por um motivo especial.

 Era dia 23 Dezembro, naquela manha, estava ansioso para o medico chegar, pois certamente eu ia pra casa. Eu não tinha me levantado daquela cama desde o primeiro dia que havia chegado e sido internado.

 Minha certeza era de boas noticias quando o medico chegasse, pois eu acreditava que com todas as orações que fizeram por mim, e todo o amor que eu estava rodeado poderia me livrar da morte e voltaria para casa, passar o Natal com minha família.

 O primeiro dia de Natal em Família.
Conhecer aquele amor, mas em casa. Sabia que todos me esperavam lá, e certamente tudo seria Novo.

 Quando o medico chegou ele me colocou sentado na cama, e minha dor, não só na cabeça quanto no coração e vieram juntos ao ver que aquele liquor continuava a cair, como se nada tivesse Acontecido.

Minhas lagrimas e desespero vieram junto comigo, e comecei a chorar, e gritava dentro de mim pensando que tudo aquilo que tinha vivido, nada tinha sido real, não valeu a pena, e morreria certamente. Eu tinha perdido minha esperança.
O medico então, decretou um prazo para tudo aqui acabar. Ele decretou minha morte. A unica chance que eu tinha, ia trazer paz para mim e para todos, pois era uma realidade que não tinha qualquer possibilidade de mudança.

Naquela mesma noite, eu peguei nas mãos da minha mãe e  fiz algo com as poucas forças que me restavam e creio que moveu o coração de Deus, e ele parou pra me ouvir.

To be Continued

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